Affonso Romano de Sant’Anna é um escritor, poeta, cronista e ensaísta brasileiro, conhecido por sua produção literária que transita entre a poesia, a crítica cultural e a reflexão sobre a sociedade. Nascido em Belo Horizonte em 1937, ele teve uma carreira marcante tanto na literatura quanto no jornalismo, escrevendo para importantes veículos de comunicação e dirigindo instituições culturais, como a Biblioteca Nacional. Sua poesia tem um caráter reflexivo e engajado, abordando temas políticos, sociais e existenciais, com destaque para obras como Que País é Este?, publicada durante a ditadura militar, que capturou o sentimento de indignação da época. Como cronista, sua escrita é marcada por um olhar atento sobre o cotidiano, explorando as nuances da vida moderna e da cultura brasileira com leveza e profundidade. Além de sua produção literária, Affonso Romano de Sant’Anna também se destacou como professor e palestrante, contribuindo para o debate intelectual no Brasil e no exterior. Seu trabalho continua sendo referência para quem busca uma literatura que alia sensibilidade poética com pensamento crítico. Conheça a nossa seleção dos melhores livros de Affonso Romano de Sant'Anna.
Para celebrar os 30 anos de publicação do livro Que país é este?, coletânea de poemas que deu o Prêmio Jabuti a Affonso Romano de Sant'Anna, a Rocco lança esta edição comemorativa da obra. Originalmente publicado em plena ditadura militar, o poema que dá título à obra ganhou primeira página do Jornal do Brasil na época e foi traduzido para o francês, inglês, espanhol e alemão. Transformado em posters, decorou a parede de escritórios, sindicatos, universidades e bares, tamanha a repercussão popular que suscitou. Nascido de uma pergunta lançada pelo político Francelino Pereira, líder do governo Geisel, Que país é este? desencadeou um debate nacional. A primeira edição da obra foi saudada por nomes como Carlos Drummond de Andrade, José Guilherme Mequior, Jorge Amado, Wilson Martins, Antonio Candido e Caio Fernando Abreu. Em comum, eles destacam a ousadia da linguagem e o ineditismo do olhar lançado sobre temas emergentes. Os poemas antecipam questões que se tornariam cada vez mais importantes nas décadas posteriores. Em “Mulher” encontramos uma visão do feminino que ia de encontro à tradição machista e se pautava pelos novos valores da década de 60. Em “Índios meninos”, a questão indígena é tratada como tema atual, inserido no cotidiano do país. “A morte da baleia” traz um prenúncio de preocupações ecológicas, e “Crônica urbana” denuncia a escalada da violência urbana. Com a coletânea, o poeta traça, de maneira lírica, o panorama do Brasil sob o jugo de uma ditadura militar. Affonso Romano de Sant'Anna canta a sua canção do exílio, a sua desolação de não ter um país, de não se sentir um indivíduo livre. Ferino, o autor desconstrói a simplificação em torno da ideia de "povo brasileiro", ressaltando que povo também são os falsários, os corruptos, e os artistas.
“Para escrever é preciso começar por se abster da força e apresentar-se à tarefa como quem nada quer” – as palavras de Clarice Lispector são colocadas em prática nas deliciosas crônicas ensaísticas de Affonso Romano de Sant’Anna. Poeta laureado com um prêmio Jabuti, crítico literário e catedrático, o autor consegue a proeza de abarcar uma grande variedade de temas, demonstrando raro domínio em tudo aquilo sobre o que se debruça. É embasado por esse invejável conhecimento de causa que Romano de Sant’Anna nos leva por um vasto passeio literário, visitando diversas épocas e provando que a boa literatura – nova ou antiga – permanecerá relevante e cheia de fôlego enquanto existirem pessoas e palavras. Os temas aqui tratados vão desde a mítica relação entre a cegueira e a literatura – assunto de uma série de artigos brilhantes – até um perfil da amante de Flaubert, figura que teria inspirado a célebre Madame Bovary. Além das análises inspiradas, o autor nos brinda com “causos” literários preciosos, como o do arrependimento de André Gide por ter aconselhado a prestigiada editora francesa Gallimard a não publicar o livro Em Busca do Tempo Perdido, de Proust. “Um dos remorsos mais cruéis de minha vida”, lamentaria Gide, anos depois. Por tudo isso, é inevitável que, ao longo da leitura, o prazer com que este livro foi escrito transborde das páginas para o leitor.
Um levíssimo humor, um envolvente tom poético e reflexões sobre questões presentes no nosso cotidiano marcam estas crônicas criadas por Affonso Romano de Sant’Anna, entre elas “Mundo Jovem”, “Antes que Elas Cresçam”, “Porta de Colégio”, “O Vestibular da Vida”, “Amor, o Interminável Aprendizado”, “Encontro com Bandeira”, “Perto e Longe do Poeta”, “Como Namoram os Animais”, “O Surgimento da Beleza”, “O que se Perde com o Tempo” e “Limpar as Palavras”. Nesta antologia, há também uma entrevista exclusiva com o autor, o que permitirá ao leitor conhecer melhor esse cronista consagrado. Antonieta: – O que você gostaria de dizer aos jovens e, eventualmente, aos aspirantes a poetas, a respeito da leitura e da escrita? Affonso: – Diria a eles que escrever é também um ato de ler: a leitura e a escrita são irmãs siamesas. Escrever é ler a si mesmo e ao outro.
Sísifo desce a montanha é um livro cujo tema central é a morte – os medos, as angústias, os enigmas, as inquietações que rondam o assunto. O poema Véspera clarifica que não existe quem esteja preparado para a hora última, para a hora derradeira, que ninguém está à espera da morte, que ninguém está realmente pronto para o ponto final. No entanto, como pode (erroneamente) parecer, este não é um livro sobre a morte. Este é um livro sobre a vida, sobre o grande aprendizado que é viver, confirmando a máxima de que, até o último sopro de respiração, o ser humano é um eterno aprendiz. A finitude é uma das grandes questões da humanidade, senão a maior. Sísifo desce a montanha é um livro sobre a nossa breve existência neste mundo cheio de nuances, gradações e variantes.
Desde o seu primeiro livro de poemas, lançado em 1965, Affonso Romano de Sant'Anna se impôs como uma voz singular na poesia brasileira. Canto e Palavra revelava um poeta de lirismo duro, pétreo, de olhos abertos para a vida, atento às sugestões e inquietações do cotidiano, personalíssimo, com maturidade para buscar o seu próprio caminho. Desde logo ficou claro que o caminho do poeta começava, passava e terminava na busca do humano e na identidade com o seu tempo de angústias e perplexidades, sem excluir o lirismo amoroso nem se esquivar às preocupação com os mil e um transes e pesadelos diários vividos pelo país, então no auge do regime militar. A essa busca humana aliava-se a procura de sua identidade poética e de novas perspectivas técnicas para o seu ofício, expressa nos poemas reflexivos de Poesia sobre Poesia, e que, de certa forma, se prolonga em A Grande Fala do Índio Guarani. Aqui, começa a se impor a preocupação com o destino do Brasil, a necessidade intrigante de entendê-lo e amá-lo, que culmina em Que País é Este?, "livro provocado pelo espanto de coisas corriqueiras" (Donaldo Schuler). Com ele, Affonso ingressa no seleto grupo de grandes poetas brasileiros. A crítica chegou a apontá-lo como "o grande poeta brasileiro que obscuramente esperávamos para a sucessão de Carlos Drummond de Andrade" (Wilson Martins). Depois de fixar os olhos em seu país, o poeta se volta para o mundo e o mistério do cosmos, que palpitam em A Catedral de Colônia (1985), uma espécie de símbolo intemporal de beleza e de perenidade, uma metáfora da história, em contraste com a brevidade da vida humana. Em seus últimos livros, o poeta revela crescente preocupação com a grande incógnita da vida e da morte, pressentindo o amargo momento da partida: "uma quase tristeza/ de quem amando tudo isto/ teve que se retirar".
O grande público não se interessa pela arte contemporânea, mas será que a arte contemporânea se interessa pelo público? É a partir de questões como essa – estampada no Museu D’Orsay, em Paris, anos atrás – que o escritor e crítico Affonso Romano de Sant’Anna instaura uma reflexão original em torno do que chama de a insignificância nas artes plásticas contemporâneas, ou seja, o fato de que as obras privilegiam a construção da não significação, em completa oposição à tradição não apenas das artes plásticas, mas das artes de modo geral. Avançando em discussões travadas em livros anteriores como Desconstruir Duchamp e O enigma vazio, e apoiado em contribuições de disciplinas diversas, com destaque para a antropologia, a linguística e a semiologia, o autor, nos dois ensaios que compõem este livro, propõe modos de interferir na confecção da própria história da arte, pensando em novos métodos para essa história, e assim questionando, por exemplo, qual é o lugar da transgressão na arte. Affonso Romano de Sant’Anna procura traçar o que identifica como a base gramatical do discurso atual das artes plásticas, compreender sua estrutura interna, de forma a refletir sobre esse discurso e, indo além, pensar e problematizar os próprios enigmas de nosso tempo.
Talento poliédrico, Affonso Romano de Sant'Anna é escritor, crítico literário e de arte, jornalista, professor e administrador cultural. Mas é, antes de tudo e sobretudo, poeta. Assim, no ano de seu octogésimo aniversário de nascimento, a Editora Rocco decidiu homenageá-lo com a edição de um livro inédito de poesia, este A vida é um escândalo, que vem se somar à sua vasta bibliografia no gênero, na qual se destacam os seguintes títulos: Canto e Palavra (1965); Poesia sobre poesia (1975); Que país é este? (1980); A catedral de Colônia e outros poemas (1985); A poesia possível (1987); O lado esquerdo do meu peito (1993); Epitáfio para o século XX e outros poemas (1997); A grande fala do índio guarani e a catedral de Colônia (1993); Textamentos (1999); Intervalo amoroso e outros poemas escolhidos (1999); Vestígios (2005); Implosão da mentira e outros poemas (2007) e Sísifo desce a montanha (2011). Uma obra densa, rigorosa e refinada que não exclui, no entanto, a poesia erótica ou a experimental e assegura para seu autor um lugar de destaque entre os melhores poetas brasileiros de todos os tempos.
Um livro de memórias e uma obra sobre leitura e o exercício da criação literária. Nas saborosas crônicas que compõem Entre leitor e autor, o poeta, cronista, ensaísta, escritor e professor Affonso Romano de Sant'Anna revê seu percurso enquanto leitor e escritor desde a juventude e relembra episódios com autores como Manuel Bandeira, Octavio Paz, Michel Foucault, Fernando Sabino, Clarice Lispector, Elizabeth Bishop, entre outros. Um livro imperdível para aspirantes a escritor – que encontrarão muitas sugestões francas e reflexões necessárias sobre a relação simbiótica entre leitura e escrita e as inquietudes do ofício –, mas também para fãs de crônicas, livros de memórias e todos que queiram conhecer melhor o pensamento e as histórias de um dos mais prolíficos autores brasileiros da atualidade.
Este livro traz vários enfoques novos para a compreensão do enigma em que se transformou a arte oficial de nosso tempo. Primeiro é uma análise multidisciplinar. Em segundo lugar, Affonso Romano de Sant'Anna traz, pela primeira vez para o espaço da crítica de arte, elementos da lingüística, da retórica e da filosofia, que são os mais eficazes para se analisar a "arte conceitual". Segundo o autor, "temos que enfrentar o problema da linguagem e a linguagem do problema". Ou seja, a linguagem utilizada por alguns artistas e ensaístas constitui um problema que não tem sido considerado. Por isto ele vai fundo ao rever os sofismas fundadores da arte de nosso tempo. Afastando-se dos lugares-comuns e repetições registrados nos livros de história da arte, passa a pente-fino as alucinações críticas de brilhantes escritores como Octavio Paz, Jacques Derrida, Roland Barthes, Jean Clair e outros. Desenvolve uma fascinante operação de restituir Duchamp a Duchamp, a despeito de Duchamp e dos seus seguidores. Com este livro, Affonso dá continuação a um trabalho tornado mais visível com Desconstruir Duchamp e A cegueira e o saber. Além de ser crítico e ensaísta, o autor, como reconhecido poeta, é também um criador, e como tal tem experiência suficiente para detectar os diversos tipos de falácias tanto da teoria quanto da arte contemporânea. Se na primeira parte do livro o autor faz uma analise objetiva de obras, nas seguintes, como pensador da cultura, enfrenta a urgência de se criar uma nova episteme, que, ultrapassando a modernidade e a pós-modernidade, vá além do "relativismo", da vulgata da "certeza da incerteza" e nos possibilite ver, ainda que cruamente, que certos enigmas de nossa época não passam de conjuntos vazios.
Um dos mais importantes professores brasileiros de literatura de todos os tempos, Affonso Romano de Sant'Anna foi diretor do Departamento de Letras e Artes da PUC carioca, professor visitante em diversas universidades europeias e americanas, e presidente da Biblioteca Nacional. Em Como se faz literatura, ele emprega todo seu saber e toda sua experiência para beneficiar aqueles que desejam se tornar escritores. Repleto de conselhos práticos, este livro tem caráter duplo. Por um lado, é um manual técnico, que oferece uma grande variedade de valiosas dicas sobre o fazer literário. Por outro, é uma obra de aconselhamento, uma espécie de encontro com o mestre, em que o consagrado autor de Que país é este? procura orientar os jovens – e os não tão jovens assim – que ambicionam escrever. Oferece-lhes assim, generosamente, um eficaz mapa do tesouro, para que seus leitores não cometam os mesmos erros nem caiam nas mesmas armadilhas que espreitam aqueles que se aventuram no terreno pantanoso da escrita sem bússola nem sextante.