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29/02/2024 15:13:30

10 Livros Finalistas do Prêmio Jabuti na Categoria Contos em 2024

Conheça os livros finalistas da categoria de Contos do Prêmio Jabuti, o maior prêmio literário do Brasil.

10 Livros Finalistas do Prêmio Jabuti na Categoria Contos em 2024 O Prêmio Jabuti é o mais tradicional prêmio literário do Brasil, concedido pela Câmara Brasileira do Livro. Criado em 1959, foi idealizado por Edgard Cavalheiro quando presidia a CBL, com o interesse de premiar autores, editores, ilustradores, gráficos e livreiros que mais se destacassem a cada ano. Conheça os livros finalistas da categoria Contos do Prêmio Jabuti, o maior prêmio literário do Brasil.

1

A Cicatriz e Outras Histórias: (quase) Todos os Contos de B. Kucinski

A A cicatriz e outras histórias reúne uma seleção de quase todos os contos escritos por B. Kucinski desde sua estreia como escritor de ficção, em 2011, com o romance K. Relato de uma busca. Nestes últimos dez anos, B. Kucinski tornou-se um nome central da produção literária contemporânea. Foi finalista dos prêmios Portugal Telecom e São Paulo de Literatura de 2012 e também, em 2015, o Prêmio Jabuti com o livro de contos, com o livro Você vai voltar pra mim e outros contos, publicado pela extinta editora Cosac&Naify. A cicatriz e outras histórias traz todos os contos de Você vai voltar pra mim, organizados de forma independente dentro do livro. Há outras cinco partes, organizadas tematicamente: I. Histórias dos anos de chumbo, II. Instantâneos, III. Outras histórias, IV. Kafkianas, V. Judaicas. Ao todo, são pouco mais de uma centena de contos, em que B. Kucinski revela-se um escritor que domina completamente o gênero. Nos debates em torno do gênero, um paralelismo com a luta de boxe, apresentado pelo escritor argentino Julio Cortázar, é hoje incontornável para a apreciação de um bom conto. Segundo esse paralelo, o romance seria a expressão de vitória por pontos, o conto seria a da conquista por nocaute. Se, em ambos os casos, o escritor está diante de uma luta, há também um adversário, que aceita, voluntariamente, participar dessa luta: o leitor. O escritor de contos que não nocauteia o leitor é um fracassado; o leitor, por outro lado, que crê ter vencido um escritor, ou seja, que não termina essas leituras com o gosto amargo de ter sido jogado ao chão da realidade ou da reflexão, é igualmente um derrotado. A agressividade estilística de B. Kucinski se movimenta, como também acontece a escritora Lygia Fagundes Telles, igualmente bem nas lutas curtas do conto ou nos combates mais longos do romance. Aqui, no entanto, o leitor vai entrar num ringue em que, logo no início, sentirá a tensão de que o nocaute pode vir a qualquer momento. A objetividade de B. Kucinski, no entanto, pode dar ao leitor a falsa ilusão de que resistirá ao combate. A cicatriz e outras histórias é a terceira obra de B. Kucinski publicada pela editora Alameda. O autor lançou pela casa A nova ordem (2019) e Júlia (2020).

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A Cicatriz e Outras Histórias: (quase) Todos os Contos de B. Kucinski

2

A dama de branco

Este livro marca a despedida de uma referência incontornável para gerações de escritores e leitores. No Rio de Janeiro do início da quarentena, o narrador passou a observar uma vizinha que saía de madrugada para dar uma volta no estacionamento a céu aberto. Embora ela não soubesse que estava sendo acompanhada, uma estranha cumplicidade se estabeleceu entre os dois, e sua presença simbolizava a promessa de um encontro arrebatador, ao mesmo tempo em que representava a morte pairando ao redor. Assombroso e revelador, “A dama de branco” foi o último texto publicado por Sérgio Sant’Anna, que faleceu em 2020, durante a brutal pandemia de coronavírus. Além da narrativa que dá título ao livro, o volume é composto por outros dezesseis contos ― que tratam da solidão, da memória, do desejo e da própria escrita ― e uma novela, que estava em vias de ser terminada. A dama de branco atesta que a prosa de um dos principais escritores brasileiros contemporâneos se manteve vigorosa e afiada até os últimos dias. Organização e apresentação de Gustavo Pacheco.

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A dama de branco

3

A mulher que pariu um peixe: e outros contos fantásticos de Severa Rosa

Mais do que um livro de histórias curtas, em A mulher que pariu um peixe e outros contos fantásticos de Severa Rosa a escritora maranhense Rai Soares entrega narrativas memorialísticas a partir de lembranças das histórias contadas por sua avó e do desejo consciente de expressar aprendizados. Nos contos figuram mulheres negras e ameríndias com suas experiências de moradoras de uma cidade do interior do estado do Maranhão, em uma época em que ainda não havia chegado luz elétrica nem água encanada, e o alimento era plantado e colhido no quintal de casa. Contos que revelam a magia das plantas e narrativas que vão além do que a lógica é capaz de explicar. Na obra estão reunidas histórias de ancestralidade, memória e coletividade. A apresentação do livro foi escrita pela jornalista e professora Rosane Borges, que afirma: “A escrita de A mulher que pariu um peixe e outros contos fantásticos de Severa Rosa está à altura do conteúdo narrado. Uma escrita sensível, que nos leva a habitar as narrativas de tal modo que nos apossamos das histórias, reelaborando-as no timbre das nossas avós e mães.”

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A mulher que pariu um peixe: e outros contos fantásticos de Severa Rosa

4

A Vestida

Crítica social, referências a ancestralidade africana, pesquisa história, ironia, insurgência poética e um cuidado com o enriquecimento humano dos seus personagens marcam a prosa dessa escritora carioca. Os seus personagens não estão soltos nos vãos da história, nos espaços invisíveis aos quais as vivências negras quase sempre foram relegadas, muito ao contrário, eles estão intimamente comprometidos com a vida e o tempo, iniciados em terreno ficcional bem elaborado. Não é diferente com A vestida, primeiro livro de contos de Eliana Alves Cruz. Seja na cidade de Justiçópolis, do conto Cidade espelho, seja no desconforto de Flávio, personagem de Oito e oitenta, com o seu filho. Tudo em a vestida leva a reflexão. Seja nas precipitações de Marilene, no conto Noite sem lua, ou nas de Doralice, no conto Peito de ferro. Tudo em A vestida nos leva a sentir. Eliana Alves Cruz, em A vestida, tinge um rico painel do Brasil de ontem e de hoje, do país que não se move em questões que são centrais para a maioria de sua população. Ao desenhar essa paisagem, Eliana não se desvirtua, em nenhum momento, do que é essencial na sua atuação como escritora de literatura, nos oferecer bons enredos, finamente elaborados, desenvolvidos com inspiração, técnica e talento, que seduzem os leitores e

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A Vestida

5

Erva brava

As doze histórias que compõem Erva brava orbitam ao redor de Buriti Pequeno, cidade fictícia incrustada no coração de Goiás. Paisagem rara em nosso repertório literário, o Centro-Oeste brasileiro é palco de embates silenciosos, porém aguerridos, retratados neste livro com sutileza e maestria. Regida pelo compasso da literatura ― que se ocupa de levantar perguntas, mais do que oferecer respostas ―, a escritora brasiliense Paulliny Tort evidencia o nervo exposto de um país que desafia todas as interpretações. Estão ali as relações patriarcais como a de Chico e Rita, em “O cabelo das almas”; a monocultura da soja que devasta o cerrado; o clientelismo rural que separa mãe e filha em “Matadouro” e a religiosidade sincrética de Dita, protagonista do conto “O mal no fundo do mar”. O rico encontro entre as culturas indígena e afro-brasileira também está em todas as histórias, as festas populares, como o cortejo de Reis que Neverson acompanha de sua moto em “Titan 125”. E, num conto final que coroa o livro como poucas coletâneas conseguem fazer, está também a revolta implacável da natureza diante da ação predatória do homem em “Rios voadores”. A precisão e a cadência do texto nos convidam a ler em voz alta a prosa cristalina e imagética de Paulliny Tort. Por trás de uma escrita despretensiosa como os personagens de seus contos, ela revela a ironia necessária para dar conta, sem caricaturas ou preconceitos, de um país cruel e encantador.

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Erva brava

6

O castiçal florentino

De volta ao conto dezessete anos depois de sua elogiada estreia no gênero, Paulo Henriques Britto nos conduz por um universo povoado por personagens que se veem diante de escolhas decisivas sobre a própria identidade. Um engenheiro se envolve com um grupo de teatro experimental. Um guerrilheiro fugindo do Exército vira uma espécie de santo numa cidadezinha cheia de fiéis. Um burocrata tem um estranho flashback ao entrar no prédio onde deveria apenas retirar um documento. Como narrativas de formação sui generis, passadas no mundo adulto e vividas por indivíduos aparentemente comuns, as nove histórias de O castiçal florentino têm por subtexto um grande “e se?”. O inconformismo com o que é previsível se espalha inclusive pela linguagem: com uma liberdade equivalente ao grande domínio técnico que tem do ofício, Paulo Henriques Britto experimenta diferentes estilos e tipos de registro ― do ensaio ao discurso de agradecimento, do texto introspectivo em primeira pessoa à metaficção em terceira ― sem perder de vista o calor humano daquilo que descreve. Um conjunto extraordinário de histórias em que, à força de devaneio, a ficção se apresenta como elemento-chave e plano de fuga da ordem cotidiana.

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O castiçal florentino

7

Zaranza

"Tem tanta coisa na vida que é um quase". Frase de um dos contos de Zaranza, e que também poderia servir para sintetizar o próprio livro. Nestes contos de amores impossíveis, de solidão e de desencontros, tanto seus personagens quanto as coisas ao seu redor estão em permanente estado de "quase". Os relacionamentos quase dão certo, as coisas são quase dramáticas, quase triviais. Apesar das dores, não há drama nessa linguagem que é, ao mesmo tempo, infantil e ferina, de tão lúcida. O leitor sente vontade de rir de certo desajeito constante, mas também percebe uma lágrima quase caindo, de tanto que as pequenas trivialidades parecem se cercar de melancolia. Instruções para matar pernilongos se misturam à descrição de um abandono que, se de início soa como uma condenação, talvez possa ter sido uma bênção. O início de um amor pode ser como um chute na porta com o mindinho do pé. Já seu fim se aproxima de uma receita de risoto (com shoyu). Tocar violino para surdos pode ser o retrato da mais pura solidão ou de um afeto ainda não experimentado. O vazio de uma morte se parece com uma praia de biscoito de polvilho sem mar. A forma como Rita conjuga o mínimo com o máximo, desde o mais banal ao mais profundo, faz com que ambos se transformem em seu oposto, o banal se tornando denso e o dolorido se tornando suportável. O leitor fica em constante deslocamento de expectativas, ao passo que vai imperceptivelmente caindo de amores por essas mulheres frágeis e fortes, que sabem enfrentar os desarranjos da vida de forma sempre criativa e quase engraçada. São mulheres que, sobretudo, riem de si mesmas, fazendo por isso com que o leitor também aprenda a pensar em suas próprias dores e sorrir. "Salário, pipoca média, férias, meias brancas, fim de semana, marcadores de livros: muita coisa que parece muita, mas na verdade é pouca". Uma verdade praticamente absoluta que, se fala de detalhes, fala também, e obliquamente, sobre a paixão. Quase uma filosofia calcada na experiência e que, literariamente, provoca o sabor de uma concretude que esconde reflexões fundas. Zaranza é aquilo que mostra perturbação ou atordoamento, ou então uma pessoa que mostra falta de bom senso, um doidivanas. Que o leitor se prepare para um livro de contos atordoantes e doídos e que, ao final da leitura, se sinta supreendentemente mais esclarecido e leve, com uma luz que vem não se sabe de onde, nem porquê, mas que é quase a vida.

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Zaranza

8
Pretos Em Contos lança o seu volume 2

9
A ilha dos sentimentos perdidos

10
Como pássaros no céu de Aruanda

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