Ariano Vilar Suassuna foi um dramaturgo, romancista, ensaísta, poeta, professor e advogado brasileiro. Idealizador do Movimento Armorial e autor das obras Auto da Compadecida e O Romance dA Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai-e-Volta, foi um preeminente defensor da cultura do Nordeste do Brasil. Foi Secretário de Cultura de Pernambuco (1994-1998) e Secretário de Assessoria do governador Eduardo Campos até abril de 2014. Idealizou o Movimento Armorial em outubro de 1970, que teve como objetivo criar uma arte erudita a partir de elementos da cultura popular do Nordeste Brasileiro. Tal movimento procura orientar para esse fim todas as formas de expressões artísticas: música, dança, literatura, artes plásticas, teatro, cinema, arquitetura, entre outras expressões. De 1990 até o ano de sua morte, ocupou a cadeira 32 da Academia Brasileira de Letras, cujo patrono é Manuel José de Araújo Porto Alegre, o barão de Santo Ângelo. Confira os nosso livros favoritos do mestre Ariano Suassuna.
O "Auto da Compadecida" consegue o equilíbrio perfeito entre a tradição popular e a elaboração literária ao recriar para o teatro episódios registrados na tradição popular do cordel. É uma peça teatral em forma de Auto em 3 atos, escrita em 1955 pelo autor paraibano Ariano Suassuna. Sendo um drama do Nordeste brasileiro, mescla elementos como a tradição da literatura de cordel, a comédia, traços do barroco católico brasileiro e, ainda, cultura popular e tradições religiosas. Apresenta na escrita traços de linguagem oral [demonstrando, na fala do personagem, sua classe social] e apresenta também regionalismos relativos ao Nordeste. Esta peça projetou Suassuna em todo o país e foi considerada, em 1962, por Sábato Magaldi "o texto mais popular do moderno teatro brasileiro".
A editora Nova Fronteira traz pela primeira vez neste box todas as peças teatrais de Ariano Suassuna. Dividido em quatro volumes, o conjunto aqui reunido abarca comédias, tragédias, entremezes (peças de menor extensão) e o teatro traduzido. Apresentamos textos inéditos, alguns deles jamais encenados, peças editadas com regularidade e cujo número de montagens não se pode precisar, outras inteiramente reescritas pelo autor e duas encontradas recentemente no acervo de Ariano, que não constavam de levantamentos anteriores. Sem dúvida um dos pontos mais altos da moderna dramaturgia brasileira, o teatro de Ariano Suassuna é um verdadeiro monumento para nosso país e nosso povo e tem muito a dizer a cada um de nós, pois, além de expressar os problemas essenciais do homem, mergulha fundo na alma brasileira.
O romance de Ariano Suassuna, publicado originalmente em 1971, narra a história de Dom Pedro Dinis Ferreira, o Quaderna, apresentando seu memorial de defesa perante o corregedor, uma vez que foi preso por subversão em Taperoá, interior da Paraíba. O narrador-personagem conta a saga de sua família e se declara descendente de legítimos reis brasileiros, castanhos e “cabras” da Pedra do Reino do Sertão, sem relação com os “imperadores estrangeirados e falsificados da Casa de Bragança”. Fala ainda do seu envolvimento com as lutas e desavenças políticas, literárias e filosóficas no seu reino.
Último livro de Ariano Suassuna, concluído poucos dias antes de sua morte, o Romance de Dom Pantero no Palco dos Pecadores é uma espécie de testamento literário do autor, que procura integrar, na narrativa, elementos do seu teatro, da sua poesia, da sua prosa de ficção e do seu ensaio. Composto por cartas assinadas por Antero Savedra sob o pseudônimo de “Dom Pantero”, publicadas em um suplemento de jornal, o romance conta a trajetória de um misto de escritor, ator, encenador, professor e palhaço que dedica a sua vida à realização de uma grande obra, intitulada “A Ilumiara” e escrita a partir das obras dos seus irmãos, o romancista Auro Schabino, o dramaturgo Adriel Soares e o poeta Altino Sotero.
Último livro de Ariano Suassuna, concluído poucos dias antes de sua morte, o Romance de Dom Pantero no Palco dos Pecadores é uma espécie de testamento literário do autor, que procura integrar, na narrativa, elementos do seu teatro, da sua poesia, da sua prosa de ficção e do seu ensaio. Composto por cartas assinadas por Antero Savedra sob o pseudônimo de “Dom Pantero”, publicadas em um suplemento de jornal, o romance conta a trajetória de um misto de escritor, ator, encenador, professor e palhaço que dedica a sua vida à realização de uma grande obra, intitulada “A Ilumiara” e escrita a partir das obras dos seus irmãos, o romancista Auro Schabino, o dramaturgo Adriel Soares e o poeta Altino Sotero.
Escrita em novembro de 1957, O Santo e a Porca retoma um tema clássico com uma roupagem original: não apresenta o vício da avareza apenas pelo que nele há de risível, a exemplo do que fizeram Plauto e Molière, mas, também, do por seu aspecto doloroso, tomando o ponto de vista de quem o possui.
Escrito entre 7 e 30 de março de 1966, "O Sedutor do Sertão ou O Grande Golpe da Mulher e da Malvada" surgiu de um convite recebido por Ariano Suassuna para levar uma história sua às telas de cinema. O filme, no entanto, acabou não se realizando por falta de verbas e o texto foi parar na gaveta de inéditos, sendo publicado agora pela primeira vez. A narrativa, escrita durante a criação do "Romance d’A Pedra do Reino" (1958-1970), não à toa apresenta vários pontos de contato com a obra-prima do autor, a começar pelo protagonista, o anti-herói cômico Malaquias Pavão, irmão bastardo de Pedro Dinis Quaderna. A ideia para o mote do enredo é retirada de uma passagem de "Os Sertões", de Euclydes da Cunha, a quem o livro é dedicado: um golpe para enriquecer contrabandeando cachaça. À diferença do clássico euclydiano, porém, o texto de Suassuna carrega nas tintas do humor, apresentando o riso como uma forma de escape de nossas recorrentes mazelas políticas.
“A História do Amor de Fernando e Isaura” (1956) é a primeira empreitada de Ariano Suassuna no campo da prosa de ficção e foi escrito como uma espécie de exercício para a posterior criação do “Romance d’A Pedra do Reino”. O autor se inspirou na clássica lenda de Tristão e Isolda para contar essa história de um amor proibido com final trágico, ambientado em Alagoas, e cheio de referências do Romanceiro Popular Nordestino. O livro conta com ilustrações inéditas de Manuel Dantas Suassuna, artista plástico e filho de Ariano, e com uma esclarecedora apresentação de Carlos Newton Júnior, um dos maiores especialistas da atualidade na obra do escritor paraibano.
A “Farsa da Boa Preguiça” compõe a trindade das peças mais representativas da dramaturgia de Ariano Suassuna, junto com o “Auto da Compadecida” e “A Pena e a Lei”, e, como elas, bebe na fonte do universo mítico e poético do Romanceiro Popular Nordestino. Montada pela primeira vez em 1961, a peça foi inteiramente escrita em versos, e traz, como um dos seus protagonistas, o poeta popular Joaquim Simão, escritor de cordel, cantador e adepto do ócio criativo ― a boa preguiça de Deus, contrária à preguiça do Diabo. Peça preferida do próprio autor, a “Farsa” conserva o tom irônico e bem-humorado das comédias de Ariano e é considerada por parte da crítica como “a súmula de todo o seu teatro”.
A peça inédita As Conchambranças de Quaderna, de 1987, marcou o retorno de Ariano Suassuna à escrita teatral, após um afastamento de mais de 25 anos. “Conchambrança” é uma corruptela de “conchamblança”, que significa conchavo, combinação. Foi na forma de “conchambrança” que Suassuna ouviu a palavra pela primeira vez, no sertão da Paraíba. Forma que se ajusta perfeitamente ao universo da peça, uma vez que o protagonista, Dom Pedro Dinis Quaderna, traz a público algumas de suas lembranças, contando-nos três imbróglios de que tomou parte e nos quais teve de fazer uma série de conchavos para resolver as situações a contento, tirando proveito de tudo e de todos. Cada um dos três atos, portanto, funciona como uma peça independente, e é Quaderna quem costura os episódios, proporcionando a unidade do espetáculo.