Cecília Benevides de Carvalho Meireles foi uma escritora e educadora brasileira, conhecida principalmente como poetisa. Ela é um nome canônico do Modernismo Brasileiro, uma das grandes poetisas da língua portuguesa, e é amplamente considerada a melhor poetisa do Brasil, embora tenha combatido a palavra poetisa por causa da discriminação de gênero. Ela viajou pelas Américas na década de 1940, visitando os Estados Unidos, México, Argentina, Uruguai e Chile. No verão de 1940, ela deu palestras na Universidade do Texas, Austin. Ela escreveu dois poemas sobre seu tempo na capital do Texas, e um longo (800 versos) poema de grande consciência social "USA 1940", que foi publicado postumamente. A jornalista suas colunas (crônicas ou crônicas) se concentraram muitas vezes na educação, mas também em suas viagens ao exterior no hemisfério ocidental, Portugal, outras partes da Europa, Israel e Índia (onde recebeu um doutorado honorário). Como poetisa, seu estilo era principalmente neo-simbolista e seus temas incluíam o tempo efêmero e a vida contemplativa. Embora não se preocupasse com a cor local, com o vernáculo nativo ou com os experimentos de sintaxe (popular), é considerada uma das poetisas mais importantes da segunda fase do Modernismo brasileiro, conhecida pelo vanguardismo nacionalista. Como professora, ela fez muito para promover reformas educacionais e defendeu a construção de bibliotecas infantis. Entre 1935 e 1938, lecionou na efêmera universidade do distrito federal do Rio.
A Global Editora traz agora ao público leitor a "Poesia completa" de Cecília Meireles, em dois volumes, reunindo a totalidade da produção poética da autora. A edição traz desde seu livro de estreia, "Espectros" (1919), até o livro "Crônica trovada da cidade de San Sebastian" (1965), publicado postumamente. Os leitores têm à sua disposição a oportunidade ímpar de fruir do puro e íntegro diamante de uma artista dos versos de primeira grandeza.
Os poemas aqui reunidos – cada qual com vida própria – formam um longo e único poema, lírico e épico ao mesmo tempo em que conta a história de Tiradentes, o mártir da Inconfidência Mineira. Elaborado por meio de uma profunda pesquisa, a conspiração revolucionária de poetas é recriada com maestria pela imensa maior referência da poesia, Cecília Meireles.
Cecília Meireles é inigualável pela delicadeza e fluidez dos seus versos, pelo poder de transcender o real e nos fazer sonhar. Essa magia está presente nas 45 crônicas deste livro, nas quais a poeta aborda, em textos curtos, elementos e acontecimentos que partem do cotidiano e criam asas, luzes, cores, saltando da vida real para o universo dos sonhos.
Cecília Meireles, organizadora da primeira biblioteca infantil do país, em sua cidade natal, o Rio de Janeiro, e um dos grandes valores de nossa literatura, tem um estilo voltado para a simplicidade da forma e marcado, ao mesmo tempo, pela riqueza das imagens e símbolos. O menino quer um burrinho/ que saiba inventar/ histórias bonitas/ com pessoas e bichos/ e com barquinhos no mar. A suavidade de sua poesia encanta tanto criança como jovens e adultos. Em O Menino Azul, o imaginário infantil, tratado com leveza, é a tônica dos versos. Ilustrado por Elma, que é parecida com o Menino Azul e sempre está dentro de um livro que ilustrou ou escreveu.
O livro Criança, meu amor… é uma coletânea de textos dirigidos, sobretudo, às crianças. Nesta obra, publicada pela primeira vez em 1924, Cecília Meireles, proporciona aos leitores a alquimia do imaginário, do humor e da fantasia. Bonequinha, bonequinha/ Dorme, dorme sossegada/ Dorme, dorme filha minha! Bonequinha muito amada,/ Oxalá que embalem crianças/Como tu és embalada!… De forma singela e em doses precisas, a autora revaloriza a noção de brinquedo, discorre sobre bondade, respeito e amor ao trabalho, à natureza e ao próximo. Por ter sido professora, Cecília emprega com sabedoria sua sensibilidade pedagógica a ponto de permitir que sua obra seja sempre atual, independentemente da época. Por essa razão, Criança, meu amor… vem encantando várias gerações de leitores.
No final dos anos 1930, o governo de Getúlio Vargas concentrou suas forças para aperfeiçoar a qualidade da nutrição do povo brasileiro. Na época, pensando em um livro que aproximasse as crianças do universo de frutas, legumes, verduras e demais alimentos do cotidiano, e, além disso, lhes ensinasse noções básicas de higiene alimentar. A Livraria do Globo convidou dois autores de relevo: Cecília Meireles e Josué de Castro. Poeta, cronista e educadora, Cecília tinha um dom raro para conceber textos envolventes para crianças e jovens, capacidade que mais tarde se comprovaria em seu consagrado Ou isto ou aquilo (1946). Josué de Castro, por sua vez, geógrafo e médico, uma das maiores autoridades brasileiras em alimentação, destacou-se com seu Geopolítica da fome (1951). Com poesias de A a Z, os autores não economizaram seus conhecimentos para o preparo desta obra. Aqui, eles temperam com muita graça e sabor as palavras, receitando como se pode alimentar bem o corpo e a alma.
Os poemas deste livro registram a memória de Cecília sobre seus antepassados portugueses, o infinito das palavras, a solidão frente à fugacidade de tudo, a experiência intransferível da morte e a melancolia de amar. “Foi desde sempre o mar”, principia a poeta, apresentando o mar como símbolo da impermanência humana no coração da beleza do mundo.
A leitura de Canção da tarde no campo representa a possibilidade de um grande encontro com o lirismo da poesia de Cecília Meireles, considerado pelos críticos como o mais elevado da literatura brasileira contemporânea. Altamente técnica, embora seus versos demonstrem uma simplicidade quase que popular e desenhem imagens sensoriais fortes e musicais. Caminho do campo verde,/ estrada depois de estrada./ Cercas de flores, palmeiras,/ serra azul, água calada./ Eu ando sozinha/ no meio do vale./ Mas a tarde é minha. Em sua 4ª edição, o obra traz um projeto gráfico colorido e criativo. Com ilustrações de Ellen Pestili, Canção da tarde no campo, renovado, vem carregado de toda a sublimidade de Cecília.
Com sensibilidade e ilustracoes delicadas, o livro mostra ao leitor como era Cecilia quando crianca, e depois, quando mocinha. Uma garota inteligente, que gostava de musica, historias e, claro, de poemas. Nao foi por acaso que ela escreveu coisas tao bonitas!
Terceira produção poética de Cecília Meireles a vir a público, Baladas para El-Rei, de 1925, presenteia o leitor com versos que demonstram a rara capacidade de nossa maior poeta para evocar imagens e sentimentos, capitaneada por sua intrínseca musicalidade. As ilustrações presentes no livro concebidas pelo artista plástico português Fernando Correia Dias, primeiro marido de Cecília, expandem o som e a ressonância dos poemas da autora. A apresentação desta edição é assinada pelo crítico literário Marcos Pasche, mestre e doutor em Letras pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e professor de Literatura Brasileira na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. No texto, Pasche observa que “não é seguro apontar, com pretensa certeza, quem é o Rei receptor das baladas, mas é possível ouvi-las badalando no livro que é um reino do dizer obnubilado e do subentendido”.